sábado, 12 de janeiro de 2013

Do outro lado, do lado escuro do palco:


Sentimento sólido, consistente, estável?

-Eu não gosto dessa vista. Não gosto do que vejo. Aqui tudo é vazio e, quando ergo os olhos, vejo apenas mais inexistência, mais inexatidão.
- Não te proponho nada.
- Eu, tampouco, tenho qualquer coisa a oferecer.


Laço de vazio, instantes de nada. Faço contato, tento encostar. Encontro no desvio, resposta ambígua. Nado de braçada na ambiguidade. Território conhecido,
entediante.

É pra isso?

- Não quero que ninguém sofra. Não quero que ninguém sobre. Não gosto de restos nem de podridão.
- Quero partir, de tudo. Só que você é a única coisa que posso deixar. Mas não quero confundir as coisas. Talvez não seja você, seja a vida. Talvez seja você e a vida. Talvez seja apenas eu.
- Sempre. Você não é feliz e desata o laço mais frouxo, acreditando que há alguma lógica nisso.
- É, de fato, lógico:
 um é mais simples que dois.


Clareia-se tudo: música: Fuga in G/ Mozart.



quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Meu coração está do lado esquerdo, mas atrás, nos ombros que me doem. Do pescoço à costela, fazendo uma semi-circunferência hostil e cruel, impiedosa como eu mesmo tento ser. Ainda assim, gosto de me virar esgarçando ao máximo a dor. Tronco reto, linhas duras. Rotação à direita, em direção à janela: Ver o céu cinza azul de um dia de chuva, início da noite e,  as primeiras luzes que se ascendem conformam com o verde das árvores e esse fundo azul acinzentado uma sensação bonita e vazia, de quem não tem nada a fazer a não ser esperar o aberto do mundo. Ou...