quarta-feira, 15 de julho de 2020

Excesso. Talvez esse seja o nome de tudo o que falta. De tudo o que me falta.
Mas não me falta muita coisa.
Apenas o supérfluo. Falta não saber.


Acordo cedo, dedico a primeira hora do dia para fazer absolutamente nada. Depois, me levanto e passo aspirador na sala. Bebo água.
Não fiquei neurótica com limpeza, mas é que percebi que sem limpar, o chão se tornava impossível. Aliás, a sujeira da casa - grande
descoberta.

Passo à ioga: não me orgulho, mas a escoliose me mataria se não fizesse qualquer coisa. Preciso me esticar. Segunda grande descoberta: exercícios de respiração fazem toda diferença ( 7 minutos).  Banho, skincare, café.
suco detox. 

Duas horas escrevendo, lendo, escrevendo - cérebro ativo, feliz, vivo. Como tenho pena das pessoas que não tem a leitura e os livros. Não, não tenho pena. Não sei mais o que sou capaz de sentir pelas pessoas, especialmente as diferentes. Não consigo deixar de pensar que, apesar de tudo, o mundo que virá será, pelo menos, mais vazio.

Cozinhar. Comer, dormir.

Mais café. Chá.

AS besteiras que pagam meu salário, são tantas. 

Ler ficção. Vinho ( dia sim,dois dias não - foi o acordo que fizemos eu e eu).

um cigarro ( ou mais. Mas fumo tão pouco que é mesmo só por charme - viciados me invejam).

creme noturno ( haha, afinal?), escovar dentes.
dormir.







terça-feira, 14 de julho de 2020

"Em belo horizonte, cercados por montanhas, somos fundidos a ferro e fogo. Montanhas, ferro, pedras, minério - transforma-nos em seres rijos, pensantes e mais cruéis. Ainda o amor é transformado pela paisagem em algo cerebral, uma ávida cerebralização de ternura que não afasta a solidão: antes, exarceba-a mais ainda. Eu não seria hoje o que sou se não fosse mineira. A Minas devo meu caráter introspectivo, minha busca constante do absoluto e a disciplina que consigo me impor quando o desejo, essencial ao estudo e à criação. E conservo mesmo certo desprezo pelos filhos de outras paisagens amenas, porém lassas."

Essa alegria de reconhecer-se na escrita de outrem. Não completamente, nunca.
Mas o suficiente para por no rosto um meio sorriso.