quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Forço-me a dizer. eu quis ser totalmente diferente, e fui. Certo, não encontrei grande coisa nisso, mas a pura expressão da minha plasticidade: um grande e vazio flexível-reflexivo.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Fazer do difícil um caminho. Não no sentido comercial, do burguês entediado que abraça a vida intelectual ou poética por não saber mais o que fazer com ela. Certamente esse é o melhor destino à alma burguesa, mas isso não faz com que sua experiência seja a transmutação da pedra em água. Porque para ele nunca haverão pedras, e as águas, quando turvas ou tempestuosas, hão de tranquilizar-se pela força mais imperiosa e vulgar: o dinheiro.
Mas não é disso que quero falar. Quero falar do que nas rodinhas se cala, porque não é bonito. Aquilo que nossos amigos não querem ouvir, e apenas os ouvidos mais íntimos entendem.
(...) O que se faz por não haver outro modo e que ainda assim, todos os dias, o não do horizonte obriga a negociar, a se retorcer, a regredir. Porque tudo isso é persistência.
Talvez sem a beleza dos gestos impetuosos, e sem a graça da vitória que embala os belos sorrisos, os bons cortes de tecido, a suavidade de expressão e a limpeza dos belos apartamentos. Mas com a flexibilidade débil da envergadura de um bambu que existe no limite e faz da linha curva o tracejar nada doce, mas preciso.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Dúvida, dívida, grito.

Alma rasgada até a última                 gotinha.
a certeza dos maias,ilusão. com gosto de esperança: Azul-turquesa e rosa-chá.
Correr, escrever, correr, escrever, correr, escrever. Acorda, treme, café. Dorme? não... desmaia.
Vida sem horizonte, vida pra dentro do branco, desdobrada no vácuo imundo que se tornou o tempo de viver.

Amarra o cabelo pra espantar os maus pensamentos; coça nuca em modo autocafuné. Repete como mantra: tudopodeficaraindapior.


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Há pressão. E não há mais nada.
Sempre para baixo. Sem fundo, Sem fim, sem queda. Sempre pressionados, sempre para baixo.
Sufocados, adestrados, castrados. Cada vez mais
baixos.
Navegando no mar de bosta onde nada importa. Todos iguais. A massa. Todos iguais. Para baixo, cada vez mais para baixo. Todos iguais. Todos juntos. Todos mortos. Todos certos. Todos justos. A manada.

A porta da rua é a serventia da casa.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

viver na linha. tudo convertido a esse espaço. Enorme e invencível. Ser na consciência do apenas. Do pelo menos, do menor.
Ter a garganta na ponta dos dedos. O ouvido atento mas distante. A pressa e a paciência...

TEM espaço para todo mundo aqui. todo mundo pode entrar. Arrogância, desespero, pretensão, medo.
 Não me escondo do meu desespero, nem do quanto ele é bobo. Ele é meu. Meu pequeno tesouro.

A parede às vezes se confunde com a tela. O papel imaginário. A tinta que um dia colorirá tudo, Nada.

Eu fico feliz quando vc finge que entende. Basta.



sábado, 20 de outubro de 2012

... não pôde senão tentar em vão escapar,
Traço. Anima. Decisão. 


sem prata, sem espada, apertou o coração em mais uma pirueta
 deixando para trás
o nó, um  não,                            coisa nenhuma


vã explicação. Destino.Criação. 

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Em 2050 terei 68 anos.
O que nesta apavora?
A solidão, a velhice, a pobreza? Talvez. Mas o pior, o que de fato assusta é o incontornável do tempo que esta frase, em sua pontualidade, quase apreende;

Quando o infigurável se deixa ver, qualquer coisa estremece.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

águas de dois
muita sede, pouca vida.

terça-feira, 25 de setembro de 2012


elle se rapporte à
l'existence encore inhumaine.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

 incompreensão não é tristeza. Sentido não é satisfação.

Eu não entendo (como?) o que eu fiz com minha vida.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Tudo me informa de uma derrota, de minha falência. Tudo já ruiu e nem mesmo começou. A herança é esse cansaço sereno, racional. Este grande fracasso matemático.Sem tesão. Escolhas erradas, pesadas, maciças. Tudo impregnado com este gosto de nada, esvaziamento.
O golpe que não é fatal é ainda mais cruel.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

ROTINA

às segundas e às terças finjo que vc não existe.
Quarta, te odeio.
às quintas te perdôo.
Sexta, te espero. Sábado te quero, Domingo, te vejo partir.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Toda vez que te olho por essa tela e esse
nada acontece.


Mas morro
em teu abraço.


Eu não te pergunto porque não sei qual seria minha resposta. E esse seria um fim que por razões diversas, adio.

Amor sem espinhos. Sexo matinal.

                                 Tenho certeza de que não
é você. Sou eu.
Esse nada, nem singular é, não é problema de ninguém, nem é uma questão que a posição geográfica resolva. Me resolvo na ilusão de que seja uma questão. EM ABERTO.
Definitivamente.
E eu acho tão hipócrita dizer que eu não quero que você se importe com meus vazios. Eu não quero é ter que pedir. Os passos de uma dança. Ouvir-falar.A antecipação do futuro é um dom que irrita. ( des-graça?) De qualquer forma é ilógico esperar tudo de uma única fonte.

Amor sem espinhos.
Filosofia utópica. Nem amor, nem espinhos.







segunda-feira, 14 de maio de 2012

Em tese, 

Pela manhã, coração nas pontas dos dedos. Fracciono o tempo alimentando a ilusão de controlá-lo.  Fiz do pragmatismo o ponto-cego de meu abismo. Pequenas pontes, pontos que ligo para desenhar meu espaço, essa dança sem fim. Nas pontas dos dedos, a insegurança de quem lapida não sabe o quê. Observo a tela que desce, com ela, meu corpo COMO SE num Rio. O dedo escorrega pelas teclas como quem borda. Trabalho de todos os dias. A busca da vírgula, do ponto, da palavra. Ler...
 de novo. Acabamento. Cuidado. Fascínio. O fim do dia coincide com o fim da página.
A vida segue mergulhada no silêncio.


quarta-feira, 9 de maio de 2012

Entranhas mouras, olhos pardos. Extremidade, imensidão.
Desespero com tranquilidade -como quem caminha pelo cemitério.
A vida não se limita ao Hoje.  Tudo se desloca por entre piedade e sedução.
Nunca vi ninguém sacrificar suas premissas. Não quero salvar
ninguém.

terça-feira, 1 de maio de 2012

a primeira coisa com que me re-familiarizei foi o céu da cidade em que nasci, quase quinze dias depois de ter aterrizado. Ainda que seja impossível esquecer de como o bafo quente e úmido do Rio de Janeiro em meios de abril me pareceu acolhedor. Nos olhos de todos o abismo que se chama vida. Isso não me surpreendeu - era o alimento que mais me faltava.

Bases fincadas. acampamento armado. Território razoavelmente demarcado. Último suspiro na madrugada de um dia que não tardará em raiar.
Hora do show.

quinta-feira, 29 de março de 2012

A palavra cala seduzindo. Beijo distante, olhar de soslaio. Sussurro ao pé do ouvido. Sorriso de meia boca, Quase, talvez... depois. Nunca mais. Sempre.

Adiar, dissipar, cortar.
Teto. Céu aberto, malas feitas.

Tudo evapora. E num como outro, o casaco que fica é a metáfora de que cada possibilidade que jamais se concretizará. O real é lacunar porque mergulha em cada possibilidade com a potência irrealizada de um suicida.

E Tudo é o  quarto vazio, o efêmero de uma tarde ensolarada. Outro, dia. Um dia qualquer.

domingo, 18 de março de 2012

Travessia.                                                        É primavera nos dois lados.


 O que deixo não é muito.Vejo já esvair. Tem qualquer amargo no partir, deixar, encerrar
 tudo em que , na irrealidade em que se realizou, existiu.
 Mas, existência inexistente - mãos incapazes de se (a)pegar.
PLENA INEFETIVIDADE.
No outro lado,
as linhas são outras.
Nem os olhos são os mesmos. O coração sim, sempre vazio.



Atravessar,
desejável e  abominável - O mesmo mergulho-  alívio, alegria, solidão.


sexta-feira, 9 de março de 2012

"Eu reinei no que nunca fui"
No regresso, houve um dia em que me lembrei de sua face, e de tudo. E resolvi que, voltando, seria antes de tudo distante. Na persistência da ausência, irrealização. Tudo sempre foi uma questão de expansão e de abandono. 

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Budapest
Os dias contam sempre para menos. A incongruência sempre vence a sincronia. Não haverá carnaval suficiente para tanto vazio, meu, teu, dele, distância - nosso lugar nenhum. A instabilidade é perene, e eu, de fato, acho bonito somente na poesia estar à deriva. Na vida, deriva é caos, precariedade. Uma debilidade sem fim, estar à mercê, ao leo. Mas o Acaso, como a poesia, não é escolha. É condição.
Amanhã verei o Danúbio, finalmente o azul do Danúbio.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Eu não tenho medo de ter ido tão longe de mim pensando em você que tenha me esquecido, pois eu nunca estive. Eu tenho medo de ter ido tão fundo no pensamento da tua ausência que não saiba mais viver sem ela.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Explicar, explorar, desencontrar... escrever. Este fim que chegou aos poucos, onde o Evento aconteceu faz tanto, e só agora consolidou seu abismo,
a irreversibilidade como indiferença, metáfora triste, desolada. Lãmina afiada. Fio perdido.

Paris, Rio, Bh, imensidão.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Arcádia
casa, abrigo, amigo.
fim da solidão.


Ilusão.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Tem coisa que não se pede de volta.
Tem coisa que não se traduz.

Os inversos, os avessos, os bastardos.
os distópicos.
os que estão aquém.

Mas e então?

Aninha-te ou deixe-me.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

No fundo, do fundo, tudo é irrelevante à exceção de respirar e comer. Estar vivo ou morto é a única diferença relevante.

Contudo,
chegar até o fundo
até chegar o fundo
(reconhecer a irrelevância e a deriva
a absoluta falta de sentido de tudo que não seja o-que-mata  é um processo tão niilista que)
como exército que marcha cegamente
atrás de si deixa somente
terra arrasada.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Cosmopolitismo dos pobres: acompanho pela internet o horário de funcionamento dos bancos de Nova York para saber se meus míseros mas imprescindíveis euros saíram do Brasil para chegar a Paris.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Teto branco e bruto que me colhe num jardim brando, na cidade que traga todas as luzes.

Onde há serenidade?
Tudo é banal e terrível.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O inalcançável que se metaforiza.

Estrela que vemos pequena.  A fresta que enxergamos enorme.

Para todos é como se eu reclamasse o tempo inteiro, mas se vissem a escuridão que tenho comigo, perceberiam quão positiva é minha postura para a vida.