terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Sempre tive aquela consciência fria que o deslocava. Sentia o calor dos olhos castanhos, irrascíveis, constantes.

E ele sabia que não haveria nada no mundo que a fizesse, de fato,

feliz.

domingo, 19 de dezembro de 2010

a estranha, sinistra e demoníaca. o inexprimível, tirânico, o imoral.
cada um em mim, para cada um
um desastre. Cadência desenfreada por uma perseguição de idéias.
Incapacidade de


projeção dilacerante.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

não sei o que pensar.
não sei pensar
não.

me sinto tão às avessas. Nada.
Nem me olhar no espelho eu conseguia.
Tenho horror.


Day after.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Dando continuidade aos meus estudos sobre minha (falta de ) personalidade.

Num estágio mais avançado, chego a crer com ironia no clichê do entre parênteses. Algo mais verdadeiro seria : DAndo continuidade aos meus estudos sobre minha falta de ( personalidade). Mas não há porque ser verdadeiro. Não há nada.


Então, tenho me tornado uma zen-estóica-pós-moderna.
Muito me chega aos ouvidos. Pouco realmente acrescenta por si mesmo. De tempos em tempos isso: tudo parece estreito, sujo, mal ventilado.
Mas eu sei driblar!
Resolvo o seu problema, e
ainda estou em busca do imperdoável.

domingo, 5 de dezembro de 2010

eu me inventei, desolada e encantadora, ou não tive escolha?
à primeira vista há em tal dúvida uma radical insegurança ou necessidade de auto-afirmação.
de maneira tranquila sei que não,
acostumada que sou na arte de me reduzir.
Por outro lado, não um eu, mas a palavra padece da mais sofrida insegurança e da urgência de se afirmar.
O eu, nebulosa de coisa alguma, é pequeno e vive à deriva procurando agarrar-se... O eu quer apenas sobreviver.

A palavra, por sua vez, tem sonhos grandiosos, e quer ganhar o mundo.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Sempre quis morrer aos 30.

No fundo, a vida foi mais generosa do que eu pensei que poderia.
Ainda assim, não me importaria em partir.
ça ne fait rien.
Imaginação,
ou memória, tudo já foi dito e feito.
Uma questão de
boa vontade permanecer aqui.
Ainda posso jogar esse jogo insensato? Certamente.
MAS,
A cultura geral quer fazer da palavra saber um verbo sem complementos.
A vida cotidiana À espreita, como uma ameaça. Pior que a morte mesmo.
E eu que posso escutar o imenso rumor, e que posso desdenhar e admirar a Lei e o Silêncio, espero, sem que se possa decidir entre a aparição e o desaparecer, entre o medo e a esperança,
entre o fim e a manhã de domingo,
verdade do jogo ou loucura do retorno...Seulement l'absence se repose sans repos.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

CaCiLdA!
Seis 6 seis 6 seis

tudo ainda está a ser
pensando.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Felicidade, fui ao cinema. ( antes preciso deixar claro que não vejo somente filmes nacionais, tenho visto altos filmes, mas só agora tomei a decisão de comentar quase todos. )
Como uma totalidade, suprema felicidade não me pareceu um bom filme, talvez retrô demais. Mas se pensarmos em quadros, há ali várias pequenas obras primas. Vim pensando isso na volta pela rua do catete. Gosto do cinema que o Jabor faz, não tenho essas recusas esquerdistas.
Ahhhhhhhhhhhhh a sensibilidade cínica que só um direitoso pode ter... é preciso saber apreciar isso.

Eu, em geral, não sou feliz.Acho que a felicidade atrapalha. Aquieta, acomoda, assegura. Mas também não sou triste.
Preceptora apenas.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

É preciso gostar para
destruir.
A imensa ferida que inevitavelmente torna a palavra não positiva e pública em sua desgraça, a fragilidade da exposição, espaço rarefeito em que se respira com dificuldade.
Nada disso se faz sem paixão.
Somente um desejo desmedido avança sobre a humana e vil necessidade de segurança para
absolutamente,
destruir.

Como um soldado secreto, o amante caça o amado até que...

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Tem dias que está tudo em paz.
E

estava.


A gente permanece, mas.

Eu, inventada. Kafka de saias. de vestido. Mendigo e amante.
frágil, pequena, precária.
Nunca inocente.
Queimada, despida, trocada, copiada, destruída.
Sozinha.
Sempre estou triste a não ser gozando.
Depósito de sonhos.
pele e
cor(ação)

domingo, 17 de outubro de 2010

Como uma máscara que se derrama em finalidades incertas.
Meu eu emerge como se fosse.
é necessária uma abordagem mais aprofundada do como se para que se entenda esta minha aflição e delícia, de ser real sem existir, de não ter como todos uma personalidade.
Não é que em mim habite a amplitude rica e fecunda das possibilidades infinitas. Essa talvez seja minha fraude. Tudo é, antes pelo contrário, oriundo de uma precariedade sem estatuto próprio, reconhecível, entretanto, sob o signo do fingimento. Mas não se enganem, esse efeito de mim mesmo se não pode oferecer uma verdade tampouco é seu oposto.
Acho que é mais uma suspensão.

Dedicarei mais tempo a auto-análise da minha escorregadia falta de personalidade a partir de agora.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Cinema. Impreterivelmente.

Entro no Espaço. sem rumo. " qual vai começar?" Depois,
vinte minutos...
um café, água com gás, mais um café.
Nada de pipoca ou doces. Muitos velhinhos e adolescentes.
Metáfora de estar sempre um pouco adiantada , um pouco atrasada.

Será que é bom? podia ser bom...se não for bom, podia ser rápido, mas melhor se fosse bom... sala vazia, excelente. Sim, começa.
Programa Casé, ótimo documentário. Passeio nas minhas idéias, arte, técnica, entreterimento, cultura pop.
Noel Rosa. Microfone. A rádio. Samba.Dorival. Tudo acaba por me levar onde parece que nunca consigo sair.

Volto.

domingo, 26 de setembro de 2010

dia aberto na terra arrasada.
domingo

sem saudade todo cultivo é às avessas?



Resta uma fome, J.?
o que foi, se foi. resta. mas também parte.
Ler compulsivamente o mesmo poema.

ter esse repúdio pelo extravagante.

gostar do mar.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Tudo não pode ser, senão, um fracasso.

presságio, verdade.

é o naufrágio que aguarda, ao longe. severo profundo sombrio.
acalento intermitente.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

posição empenhada. Fico ali assistindo vc virar outra coisa, em mim. Do em -si ao para-si, todos diriam, há uma festa. Para mim há uma cavidade que se esgota.
minha vida caminha em L. like a horse.
em duvida se , caso fosse, um cavalo ou um bispo. ou ainda, um cavalo que quer ser bispo, ou um bispo que almeja um cavalo. Para sair, como o menino e burrinho azul, doce infância, perdidos por um sem fim de jardim.
mas é vida é árdua, é outra. é, ainda.

me detenho pensando. As carências e as carícias. tudo isso faz ( muito mal a)o homem.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

não sonho. Eu não estou aqui por você.
saiba

foi tudo real mas em sua desmedida.


caso eu me atreva, nessas linhas, à saltos mortais, ainda assim.

saiba, há uma cicatriz com teu nome.
atributos diabólicos, doenças sem cura, arte de não ter sido. minhas parcas posses.


saudade como um olhar desviante. nossos olhos sorriem na distância?
Umbral.
Alcova.
meus olhos não conseguem encontrar outros que não os teus.

terça-feira, 8 de junho de 2010

anseio é a dor da proximidade de uma distância.





Ponte ou habitação?

domingo, 30 de maio de 2010

FESTA

Leve suspensão aquela em que
a Violência e a Mentira, nossa formatação usual,
submergi.

ocasiÃo

entre o fetiche da adaptação e a dureza da perversidade, o encanto doce de ser beijada por um desconhecido.

terça-feira, 11 de maio de 2010

no fundo, já esqueci. no fundo estou feliz, em outra.
no fundo há sempre recomeço.


mas no fundo, é sempre um fundo-falso.

sábado, 8 de maio de 2010

- a essência do verdadeiro amor é ser a espera de si mesmo.




Esse lugar. Rio
que cava sua solidão no espelho,
A que devemos bem que mais que a vida - já que no furor das imagens que nos tira, distribui
Coragem e
Silêncio.

sábado, 27 de março de 2010

Nunca sofreu de Perda do brilho dos olhos.

NA sua idade, a lâmina perpassa a pele mas tudo fica vivo, não há cortes. No
entanto,
tanto sangue.

sintomas, sintomas, sintomas. dentro da noite, dentro do dia, dentro da vulva, dentro da vida.

estava em cima do ponto em que se reconhece e se desconhece cada loucura.
às vezes tinha compaixão, Todo dia não.

Tinha um pouco de dor de cabeça, e vontade de sumir. Queria também encontrar. Ainda tinha entendido que nada há que não esteja destinado ao aniquilamento completo e definitivo.

E vivia com a alegria intima e inconfessável de ver.

sábado, 20 de março de 2010

Houve um tempo em que o tempo era remédio pra tudo.
O tempo já foi esse teto tranquilo. em que se podia confiar.

hoje o tempo é espaço. E nele tudo é um todo, plasticidade violenta e sem pudor.
o fim do mundo.