sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Rilke
sussurra qualquer coisa sobre o difícil.
Eu ouço qualquer coisa
sobre o medo, sobre a falta de sentido.
Sobre a falta de nome das coisas - que é também a falta de deus;
Teve o dia em que descobri  que me matar seria fácil mas só servia o difícil: morrer.
Mas a gente não morre. A gente não vai embora.
Nada acontece.
Ainda estou aqui.



quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Só que ninguém mais ouve isso,  preocupados que estão em fazer seus próprios ruídos, em calar o outro e a si mesmos. O silêncio, assim como o tempo, assusta essa maldita cidade afogada em seu bafo quente.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Todos os dias, por um aperto que vinha de dentro, o nada ganhava uma feição nova. Mesmo que tudo se revire como espera e perda. Não era ainda tempo. A vida é antes do tempo, não importa o que os fenomenólogos digam. Manhã quente, de um verão que não é possível descrever, vendo as pedras dessa cidade, ouvindo Beatles, tomando café, esse nada tomava a forma de uma espécie de intuição de que essa coisa toda pode ser que realmente valha a pena.