sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A nossa casa de carne e osso. Essa carcaça.
Chez moi é em todo lugar ou é no lugar nehhum? détresse et inquiétante étrangeté.


Tudo foi queimado, em cada incêndio um auge e um fracasso.
E de tudo sobra minha fraqueza, minha incapacidade, meu cansaço. Mise en tension du corps. Aline, this mistrusted girl,  mistrusted bird. 

segunda-feira, 26 de setembro de 2011



A cortina desliza cuidadosamente pela falsa janela, a janela que não abre para nada, presa em sua inutilidade modernista, apenas deixa ver, deixa  descobrir, ainda, o sol e o céu azul de uma manhã confortavelmente fria.


Por que essas segundas-feiras, preguiçosas, frias e ensolaradas, parecem ter consigo qualquer coisa de...
 bom?
Por que isso é inquietantemente estranho? ( há três minutos atrás eu queria escrever sobre uma certa tranquilidade, mas bastou começar a apertar as teclas para aparecer uma desconfiança enorme em mim, e a tal tranquilidade se transfigura numa temeridade como presságio. Eu provavelmente sou muito doente. )

La Ville est là-bas,
je suis là.  Entre nós toda a distância de uma preguiça pacífica.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Tomo nota.

Tomo, sem explicação, um porre.

Tomo tudo como gentilezas que não compreendo.

Eu quase (não) compreendo. Eu vivo doente de tanto ler. Rostos, monumentos, mapas, atitudes, gestos, linhas, códigos culturais, livros, gente, vida. Minha vida. Se a minha cabeça não doesse tanto, eu já não acreditaria em mim mesmo.
Na minha vida, na minha escrita, minha vida. Eu não faço nenhuma ideia do que isso significa.

Corpo como obstáculo. A mais frágil figuração. Desaparecer como único desejo, como realização do meu destino. Sumir.


A cada dia desapareço um pouco mais. A cada dia pareço um pouco mais com o que quero ser : leve, transparente,
sem apetite, sem corpo, sem rosto, sem espelho.

E tomo nota.



sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O que eu vou fazer com esse nó na garganta?
entre uma forma sem ser e um ser sem forma, eu fico com o abismo de um futuro anterior "puramente" fantasmático. Esse ontem que tudo esperava do amanhã. Toda esperança sem permissão.
 O destino dos homens... eu não sei.  Mas o meu é ser elástico. Self que desbravo como mata-virgem para descobrir NADA e NUNCA, tal e qual - todos os dias. Transformar precariedade em alimento, cada privação, mais uma máscara.
Nada disso é muito sério.

Esse foi o dia em que aprendi a sair sozinha.  Gerenciar perigo e tédio. Ser generoso como um mal-necessário. Você está realmente ali? Realmente... realmente, de fato, na verdade...
 cada vez mais uma piada sem graça.
 Todas as investigações sólidas provam que nada existiu realmente.Eu errei porque não acreditava no dever-moral e todo seu poder corrosivo. Contudo,  cada dia passa justamente para provar que nada existe. As boas lembranças são aquele museu que você passa pela porta e pensa: amanhã... e sabe que vai embora sem jamais entrar. Ou, aquele livro na estante empoeirada.

Todo esse cinismo revisitado que se chama écriture.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Desse buraco em que vejo o mundo, ele parece lindo, lindo como nunca.
Eu pareço horrível, toda esticada que estou. Toda amassada. Toda no limite de quem eu sabia ter sido. Toda em silêncio. Toda ouvidos. Toda errada. Toda sem solução. Toda esquisita. Quem agora? tá, eu sei que todas as pessoas são o paradoxo de um infinito delimitado. Mas nada me acalma.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Eu até gosto desse lugar, desse povo, dessa vida.
Mas ela não é minha.
Eu não gosto de não ter
chez moi.

viver é como somar vazios.