quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Nunca mais, vinte e poucos. Nunca é o fim de tudo, mas todo dia é o fim de qualquer coisa, mesmo que seja somente dele mesmo. A leveza de dizer adeus, todos os dias. A clareza de dizer : não. Isso não vai mais acontecer. Todos os dias é o fim de qualquer coisa. Esses são os dias em que digo adeus à ...
Amar o não, como propriedade da maior afirmação de todas: estar vivo.  Talvez a clareza seja entender que estar vivo já é demais. A gente vive tanta coisa, e ainda assim, apesar e a despeito de todas elas, estamos aqui. Ainda estamos aqui. Aqui talvez seja demais. Opto então pela forma mais econômica, mais forte, mais precisa: Ainda estamos. Não pode ser mais que isso, não deve ser mais. Se ainda há qualquer poesia ela se esconde nas entranhas de tudo aquilo que ainda está, que se arrasta, que se move com dificuldade, que tem insônia, que quer se afirmar e como é difícil, esperneia.  E se não bastasse todo o futuro, tem os passados. Estes chegam sem avisar, sem pedir licença. Eles chegam e
esses fantasmas todos, de todos os erros. Quem é você afinal? Este você que no fim das contas nem importa tanto, mas que faz toda a diferença. E que desafia o sentido. Logo ele, o único capaz de conferir um pouco de forma, dar um pouco de luz.
Eu queria tanto, não, nem tanto. Mas um dia eu quis ser para você, ser para mim em você. E passou, como tudo passa. Como não ser cética quando se entende que não só nada existia, como além disso nada pode existir. E a única coisa que importa é estar aqui. Estou aqui.
E mesmo quando eu for ali, e mesmo quando não mais aqui, eu estarei em algum lugar. No desejo, meu ou de qualquer um . Se não foi o seu, era o meu. E agora será de outro.
Porque eu penso às vezes que tenho só mãos. Eu gosto de dançar para aprender que tenho pés e cintura. Porque isso não é evidente, embora pareça para todos. Mas não. E todos também importa pouco.
Importa que eu tenha dedos, e que eu tenha teclas. E que eu tenha tem