domingo, 14 de dezembro de 2014

en revanche. Por outro lado, Porque a cidade é inseparável de suas migalhas.

história aos tropeços.
um ônibus que sempre leva ao lugar errado.

sempre tanta coisa acontecendo.

Realizar o sentido sem seta.
Tem de ser um viver sem porquê.


segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Um nota sobre esse dia.

Pois bem,
mais um ano.

essa coisa estranha chamada
Aniversário
sempre um ótimo e imperdível motivo para juntar-se  aos companheiros próximos e beber ( o que venho fazendo com exímia perfeição há dias) por reunir todas as duas boas razões pelas quais a vida é impossível sem beber:
perdemos  e ganhamos.
No fim, é um tipo de poder que não se contenta, e que por isso recobra sua existência a cada vez que é necessário reinventar-se.
E esse ano foram muitas as vezes em que tive que me mover por entre
 as discretas fronteiras entre o que imaginamos e o que ainda não imaginamos.

Apesar de tudo, foi um ótimo ano.
(Por examplo,  o maior problema nesse momento é descobrir como tirar mancha de vinho tinto do carpete do pequeno quarto alugado em Paris.)

sábado, 27 de setembro de 2014

o caminho vai do que lhe pertence ao que me pertence.

isso é um homem. Ele corre. para o que quer, ou do quer.
risco iminente de não escapar a sua precariedade.

Beckett me assombra.
 : tiveste alguma vez um momento de felicidade?



quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Estou na nova casa que já não é tao mais nova. Mas nova. 15 dias e algumas visitas. Ele, inominável. O gato. Eu. A escrita. Recriando, tijolo com tijolo, um novo silêncio. Um silêncio talvez menos injusto. Não que eu esteja corrigindo uma injustiça. Apenas estou escrevendo porque me foi dado escrever. Sobre o antes do querer.

Da minha janela sempre vejo duas casas amarelas. O gato se amarra.
A mesa é sem espaço. Livros, sempre menos do que deveriam, sempre ocupando mais espaço do que deveriam ocupar.

A luz natural da nova casa é obtusa, nunca acertada.
A nova casa é uma casa de temporada. Como sempre. Como a vida.


Tudo que existe - existe para acabar.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Pois é. Existe o profissional das letras. Mas  se lê sem entender que escrever não é para mostrar já era. Escrever não revela, quase nunca, o ser. E pessoas, raramente, são. Apenas em contextos muito específicos. Em geral, os seres estão mortos. E enquanto se está vivo, escrever é apenas querer morrer. Escrever é como maquiagem, ou como um porre. É outra coisa. É virar outra coisa.

As derivações são sempre tolas e por isso o profissional é patético.

Compor não é inventar, nem descobrir. É desejar.

sábado, 30 de agosto de 2014

Azedo. Corta. Negocia. Refaz. Viaja. Bebe. Prêmio. Prêmio? Prêmio... caminho em linha reta. Dura. Empacota, chora. Vida que continua, via na linha que corta. Corta. Empacota, desempacota. Perde. Perde muito, muita coisa. Chega.Espaço novo, espaço em branco, alumbre. Repousa. Espera.
Continua,
Bebe.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

O mais importante, em risco.

corte cego na espera de ser poda
não aniquilação.

Encontrei uma receita de doce de leite azedo.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Passos erráticos. Pistas falsas. Faustos cabisbaixos.
Quem se dispõe verdadeiramente a entender seu despojamento?

O imobilismo da decadência deixa como brecha  dançar consigo mesmo.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Talvez sejam os hormônios que me levem para fora desse meu lugar de sempre, afundamento, sofreguidão.
a dor do choque dos pés no chão, a cada passo. Até que ponto não somos o fingimento sincero com que nos expomos?
Avessos e solidários.

Eu precisei me resolver sozinha,
-  mas a autopsia sempre requer duas mãos direitas.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Espero pelo tempo enquanto ainda me lembro de esquecer. Pensar em não pensar é igualmente pensar sobre pensar: tédio e auto-reflexão tem a mesma emergência, a mesma raiz. Enquanto  sujo todos os pedaços de significados, vejo minhas unhas se encherem da terra preta do buraco:
Releio frases patéticas na janela branca e estúpida.
 domingo ainda é um dia ruim.



sexta-feira, 6 de junho de 2014

Em menos de 20 anos tudo ficou na mesma, na mesma falta absurda de graça, no mesmo sem espaço e muito tempo, na mesma falta de ação.

e um horizonte todo incrível transformou-se em querer ser funcionário público, pagar 30% de IR, ser um burro de carga burocratizante que compensa sua pequenez obstruindo a vida dos outros.



Vida de merda, num mundo de merda.

sábado, 26 de abril de 2014

Uma vez bem formuladas, todas as questões deixam como único horizonte o fatalismo ou tédio. 
O in-between, as dobras, a margem, a fronteira, a diferença, a embriaguez, o intertexto, variantes para o tédio.
O fatalismo ainda esconde o escândalo do "é assim mesmo".  

 Escreve pouco: andar em círculos não tem o mesmo charme da serpente de Valéry. Mas deixa-te desdobrar a ti mesmo, incansável. Porque, afinal, não tem para onde ir.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Estudos:
Posto que:
O mundo não pode ser originalmente belo.
a natureza das coisas, a variedade do mundo, a fraqueza do homem,
o tédio, o sentimento de abandono e solidão, a angústia de um destino frustrado,
a fúria cega do amor, o absoluto negro do ódio, ruínas sangrentas,
universo de silêncio,
horror das maiores desgraças
Onde a opressão não é uma figura de retórica:   Tudo é Teoria.

terça-feira, 18 de março de 2014

Os homens não podem estar tranquilos,  não podem dormir. Não porque a inquietude seja bela ou fecunda, mas simplesmente porque não se escapa ao tétrico: ele está lá, nas cantigas de ninar, nos amores perfeitos, nas amizades eternas, nos ótimos empregos e nas famílias felizes. Ele também está na crítica pedagógica daqueles que insistem em dizer como seria melhor se do jeito que eles pensam ou sentem. E nas promessas. Nas alianças. Nos corredores das escolas. Nas poesias de meninas que deveriam ter ganho um piano ao nascer e em seus casamentos. Nas bochechas fofas dos filhinhos. Democrático, está nos corações que pensam ser possível, globalmente, escapar ao rancor e, igualmente, naqueles que querem que a força bruta seja o meio para a "outra coisa".
A decisão preparada pela angústia ao engajamento é a tristeza dos olhos da coruja de Minerva.

sexta-feira, 7 de março de 2014

2014.
já foi tanto. mais que muitos.
mas faltam ainda: sempre trabalho.

Um desejo: anamnese  = forte  potência- amplo campo de análise do mundo, das ações, de  mim.

e baixa capacidade de ressentimento.

domingo, 12 de janeiro de 2014


Janeiro perdido.

 O gato dorme faz uma eternidade.

A pesquisa é imensa. Horas e horas de bunda quadrada. Espírito tranquilo. Se fosse somente isso, seria tão fácil viver. O amor na janela e a vida na esquina. E eu e os livros. Surf virtual e café rigorosamente de 3 em 3 horas.  Corridinha religiosa: suar faz bem ao cérebro. Um pratinho no self-service - seria redundante cozinhar no calor. Recomendações médicas. Lá fora o dia lindo ainda mais que o vejo daqui, da sibéria. O Rio escandalosamente quente é um retrato distante.Olho de longe e não entendo.