quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Amar o não, como propriedade da maior afirmação de todas: estar vivo. Talvez a clareza seja entender que estar vivo já é demais. A gente vive tanta coisa, e ainda assim, apesar e a despeito de todas elas, estamos aqui. Ainda estamos aqui. Aqui talvez seja demais. Opto então pela forma mais econômica, mais forte, mais precisa: Ainda estamos. Não pode ser mais que isso, não deve ser mais. Se ainda há qualquer poesia ela se esconde nas entranhas de tudo aquilo que ainda está, que se arrasta, que se move com dificuldade, que tem insônia, que quer se afirmar e como é difícil, esperneia. E se não bastasse todo o futuro, tem os passados. Estes chegam sem avisar, sem pedir licença. Eles chegam e
esses fantasmas todos, de todos os erros. Quem é você afinal? Este você que no fim das contas nem importa tanto, mas que faz toda a diferença. E que desafia o sentido. Logo ele, o único capaz de conferir um pouco de forma, dar um pouco de luz.
Eu queria tanto, não, nem tanto. Mas um dia eu quis ser para você, ser para mim em você. E passou, como tudo passa. Como não ser cética quando se entende que não só nada existia, como além disso nada pode existir. E a única coisa que importa é estar aqui. Estou aqui.
E mesmo quando eu for ali, e mesmo quando não mais aqui, eu estarei em algum lugar. No desejo, meu ou de qualquer um . Se não foi o seu, era o meu. E agora será de outro.
Porque eu penso às vezes que tenho só mãos. Eu gosto de dançar para aprender que tenho pés e cintura. Porque isso não é evidente, embora pareça para todos. Mas não. E todos também importa pouco.
Importa que eu tenha dedos, e que eu tenha teclas. E que eu tenha tem
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Resultado da última constelação: viver predominantemente pelo deleite estético. Isto não é ser artísticamente produtivo, mas ativamente plástico. Precário, incapaz de ser perseverante, contínuo, independente. Se amolda, se adequa, se deixa cativar pelas mais diferentes coisas aos invés de dominá-las. Deixa correr. Espera.Teme. Quer ser mais um, ser tranquilo. Não pode. Sofre.
O pneu em que bóia fraqueja. Respira fundo. Faz as contas. Vê que tudo em volta é mar e medo. FALTA. Não desespera. Abaixa a cabeça e pensa. E sobrevive, sobrevive.
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Nos olhos de gato cabem o alvo e a quina. Luz quebrada pelo movimento da água, balanço do verde que paira quase amarelo sob um azul pelo qual eu derramaria sangue. Mas na brancura ingênua de um inusitado cisne, tudo se converte em mais um gole de cerveja amarga, pesada, espessa. Um barco, um cigarro.
Quem nos protegerá da falta de acaso?
Começo de dia novo, imenso e fascinante. Noites nas quais o porquê será arremessado pela janela.
A lâmina corta como uma pincelada o céu que se abre ferida deserto espelho vazio luz. Mas já não há mais do que imagem, apalpa e encontra não a dor, mas outro corpo.
agora o corpo descansa noutro cheiro.
terça-feira, 25 de outubro de 2011
em múltiplos progressos e diversas realidades, tantas convicções e copos cheios e mentes vazias. Ontem pela manhã tomei uma bomba, era um dia ensolarado e frio, quase ninguém soube.
terça-feira, 18 de outubro de 2011
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
curar a ferida é abri-la ao máximo, compreendê-la, observar atentamente cada milímetro de tecido ainda esgarçado. Nesse chão onde tudo é perigo, cada passo é a descoberta da falta de abrigo. Os pensamentos devem buscar máculas e multiplicá-las, infectar tudo. a tarefa de pensar é destruir o sentimento para preservar o vivente.
domingo, 9 de outubro de 2011
A primeira vez era ferida. A segunda, torpor. A quarta queria ser coragem mas nasceu prematura, entre comodismo e sedução.
A terceira foi nem nome nem lugar.
As autoridades competentes não sabem dizer sobre a recepção dessas ideias. Ontem estrelas cadentes seriam visíveis em toda a Europa, mas o céu permaneceu encoberto.
terça-feira, 4 de outubro de 2011
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
Chez moi é em todo lugar ou é no lugar nehhum? détresse et inquiétante étrangeté.
Tudo foi queimado, em cada incêndio um auge e um fracasso.
E de tudo sobra minha fraqueza, minha incapacidade, meu cansaço. Mise en tension du corps. Aline, this mistrusted girl, mistrusted bird.
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
A cortina desliza cuidadosamente pela falsa janela, a janela que não abre para nada, presa em sua inutilidade modernista, apenas deixa ver, deixa descobrir, ainda, o sol e o céu azul de uma manhã confortavelmente fria.
Por que essas segundas-feiras, preguiçosas, frias e ensolaradas, parecem ter consigo qualquer coisa de...
bom?
Por que isso é inquietantemente estranho? ( há três minutos atrás eu queria escrever sobre uma certa tranquilidade, mas bastou começar a apertar as teclas para aparecer uma desconfiança enorme em mim, e a tal tranquilidade se transfigura numa temeridade como presságio. Eu provavelmente sou muito doente. )
La Ville est là-bas,
je suis là. Entre nós toda a distância de uma preguiça pacífica.
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Tomo, sem explicação, um porre.
Tomo tudo como gentilezas que não compreendo.
Eu quase (não) compreendo. Eu vivo doente de tanto ler. Rostos, monumentos, mapas, atitudes, gestos, linhas, códigos culturais, livros, gente, vida. Minha vida. Se a minha cabeça não doesse tanto, eu já não acreditaria em mim mesmo.
Na minha vida, na minha escrita, minha vida. Eu não faço nenhuma ideia do que isso significa.
Corpo como obstáculo. A mais frágil figuração. Desaparecer como único desejo, como realização do meu destino. Sumir.
A cada dia desapareço um pouco mais. A cada dia pareço um pouco mais com o que quero ser : leve, transparente,
sem apetite, sem corpo, sem rosto, sem espelho.
E tomo nota.
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
entre uma forma sem ser e um ser sem forma, eu fico com o abismo de um futuro anterior "puramente" fantasmático. Esse ontem que tudo esperava do amanhã. Toda esperança sem permissão.
O destino dos homens... eu não sei. Mas o meu é ser elástico. Self que desbravo como mata-virgem para descobrir NADA e NUNCA, tal e qual - todos os dias. Transformar precariedade em alimento, cada privação, mais uma máscara.
Nada disso é muito sério.
Esse foi o dia em que aprendi a sair sozinha. Gerenciar perigo e tédio. Ser generoso como um mal-necessário. Você está realmente ali? Realmente... realmente, de fato, na verdade...
cada vez mais uma piada sem graça.
Todas as investigações sólidas provam que nada existiu realmente.Eu errei porque não acreditava no dever-moral e todo seu poder corrosivo. Contudo, cada dia passa justamente para provar que nada existe. As boas lembranças são aquele museu que você passa pela porta e pensa: amanhã... e sabe que vai embora sem jamais entrar. Ou, aquele livro na estante empoeirada.
Todo esse cinismo revisitado que se chama écriture.
terça-feira, 13 de setembro de 2011
Eu pareço horrível, toda esticada que estou. Toda amassada. Toda no limite de quem eu sabia ter sido. Toda em silêncio. Toda ouvidos. Toda errada. Toda sem solução. Toda esquisita. Quem agora? tá, eu sei que todas as pessoas são o paradoxo de um infinito delimitado. Mas nada me acalma.
terça-feira, 6 de setembro de 2011
sexta-feira, 24 de junho de 2011
sábado, 21 de maio de 2011
terça-feira, 17 de maio de 2011
sábado, 30 de abril de 2011
terça-feira, 19 de abril de 2011
domingo, 3 de abril de 2011
Eu expando, logo sou.
Mas nunca existi, a não ser em alguma história que eu mesmo inventei pra distrair do tédio que me causa a existência, tão grosseira e cansativa.
Por que é tão provisório este ser de parte alguma, este não-lugar, esta estrada...
Não tenho casa e me lanço.Enlaço.
Eterna fixação nas possibilidades infinitas que se abrem a um horizonte vazio e azul.
Sem amargura.
Sei que ser partido é ter que partir sempre rumo a vastidão inalcançável.
Este mundo entremundos...sem limites, sem finalidade.
Esta margem do meio...
Esta ânsia que é azia e gozo.
Este maremoto que causo todos os dias em um copo d’água.
Este teu sorriso quase velado, teu silêncio, teus olhos e suas mãos...Não, não é paixão. È mais um repousar ardente, efêmero, no inefável.
_ não faz sentido.
quarta-feira, 9 de março de 2011
sábado, 5 de março de 2011
sorrindo às gargalhadas.
talvez seja inútil, mas sigo catalogando meu "sentimento-de-mundo" em pequenas poses plásticas.
Como um condenado, embalsamo pequenos pudores, os manipulo, pinço, distorço, reduzo.
Ou, dizendo secamente, me aproximo daquilo que, como coração desvairado e vagabundo, não pode deixar de ser o VAZIO sensível e orgulhoso.
Sim, o mundo inteiro está morrendo. A intimidade abraça a intriga.
O carnaval adentra o corpo que, para suportar, clama por álcool. O carnaval é como uma lente de aumento para a miséria particular.
é sobretudo neste momento.